sábado, 12 de março de 2011

O OUTRO LADO DA BOLA QUADRADA 2 (A SAGA CONTINUA)

Hoje eu não poderia ir jogar futebol. Mas eu havia combinado com os caras. Vai que faltasse apenas um para que a partida fosse realizada! Imagine só, ser eu este um que deu a mancada e acabou com o jogo da rapaziada.

Não! Eu não sirvo para ser este que dá mancada, esse Judas da bola. Vou mesmo machucado, vou correndo após o compromisso que era para o horário e eu adiantei em alguns minutos para que desse certo, vou direto do trabalho, vou resfriado, vou mancando, vou de carona, de bicicleta, vou de qualquer jeito, mas mancada não é comigo.

Realmente faria diferença se eu não fosse? Mesmo eu marcando um ou outro gol, conforme costumo marcar, faria eu falta? Para além da ordem numérica, dolorosamente devo admitir que... não.

Na verdade, somos um grupo esforçado, contudo, quanto à qualidade do certame, ninguém faz falta individualmente. Um treinador diria que somos um grupo fechado. Soaria legal. Grupo fechado, coeso, pragmático.

Cheguei a enviar um email para o organizador avisando que não poderia ir devido a compromisso de trabalho. Tudo bem que foi bem encima da hora. Tudo bem? Tudo bem nada! Onde é que eles arrumariam outro em cima da hora?

E tem mais, o tempo estava com uma baita cara de chuva. Tempo assim é bom para cama, livro, internet, televisão, filmes... Tudo, menos jogar bola.

Mas veja como são as coisas. Se isso fosse um vício, eu teria a companhia de outros 13 viciados nesta tarde de sábado. E só não foram uns 18 por que tem uns caras que são donos de dar mancada. Eu não. Eu não sou disso não. Chamaram-me para jogar bola? Eu disse que iria? Pode esperar. Só se me amarrarem pra que eu não apareça. E ainda assim eu tentarei escapar para chegar a tempo. [sorrio]

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sábado, 5 de março de 2011

O OUTRO LADO DA BOLA QUADRADA (DEEP PURPLE – SMOKE ON THE WATER)

Chegou o final de semana e você vai jogar aquela bola com os caras que você já joga há tempos. É um sábado nublado, tarde de verão, março, a qualquer momento pode desabar um céu inteirinho de água. Importa? Não, não importa. É o dia da bola.

Você está de folga. Passará o dia todo esperando chegar a hora da bola. Que por acaso, pode ser às dezessete horas. Você não admite isso. Mente pra si próprio, e para quem mais perguntar. Diz que só vai jogar por que estava previamente combinado, por que não é de furar compromisso e tal, e que, se não tivesse tratado, jamais sairia numa tarde chuvosa para ir correr atrás de bola.

No campo você se transforma. Ali suas fantasias, que estariam mortas desde a infância, saltam diante de seu ser e correm. E você disputa a bola como se fosse uma questão de vida ou morte, divide a bola como se fosse um profissional, e bate na bola como se ela fosse causa e razão de seus movimentos mais explosivos e irracionais. Acha-se.

De repente, surge na turma um cara que você não conhece da quadra ou da cidade. Ele joga de um modo mais pseudoprofissional que você. Ele chega numa dividida pra quebrar. Ele chega pra rachar. Ele discute como se fosse capaz de ir às vias de fato.

Amigo, você não tem sangue de barata. Os caras dizem pra você deixar de lado, contudo o jogo e os incidentes não param. Uma falta, outra falta. Uma entrada mais dura, menos leal... Pronto. Você acha de tirar satisfações com o cara. Bate boca. O cara diz que futebol é isso e que se não quiser jogar não vá pra quadra. Isso já é demais! Mas você não é um profissional do ramo, está ali apenas para descontrair-se, abstrair-se da rotina diária, e viver a fantasia de um dia de jogador.

Vai até o final trocando e cultivando hostilidades e farpas. O jogo acaba. Com sorte, ninguém se agride para além da bola, e os dois saem da quadra como se não tivesse acontecido nada, ou quase nada. O mais exaltado pede desculpas. O outro diz que isso é do jogo. E ambos vão embora para suas respectivas casas. Ali se despem de suas fantasias de chuteiras, meias, shorts, camisa de time.

Então é hora de saber como está indo a rodada. Como está indo o time do coração, e o time da mágoa, e o time que não cheira nem fede. E é nessa hora que você sente inconscientemente que futebol sério é o seu futebol de final de semana. O resto é marmelada bem paga.

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