quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O FUTEBOL REDENTOR DA VÉSPERA DO FERIADO

Ontem foi a véspera de hoje. (E daí?!) E daí que hoje amanheceu um belo feriado de sete de setembro. Ontem à noite tínhamos futebol. Mas de minha turma quem é que foi? Apenas três gatos pingados. Vimos o nosso horário da quadra chegar e ir passando lentamente sem que os companheiros aparecessem. O homem da bola, o homem que cobra o trocado de cada um para pagar a quadra, nem ele apareceu com sua cabeleira grisalha, latinha de cerveja na mão e barriga sobressalente feito uma bola de futebol guardada embaixo da camiseta sobre o abdome. Eu estava lá. Eu queria jogar meu sagrado futebol. O cansaço que se sente logo após uma partida de futebol é redenção. É expiação de pecados, reencontro cósmico, metafísico, cármico. Junto comigo, estavam dois outros sujeitos mal diagramados, conforme diria o glorioso Xico Sá. Dois perdidos na noite de terça. O japonês habitante de escritório viciado em bola e o goleiro que fuma enquanto guarda a meta. Acredite. Essas figuras exóticas e honradas existem. São alguns de meus companheiros de rachão. Ficamos desolados ao perceber o tamanho do bolo que havíamos tomado. Sequer conseguíamos conjeturar as razões pelas quais os bravos peladeiros teriam refugado justamente no transcendente rachão pré-feriado. Não me dei por vencido. Desci da quadra society e fui até a quadra de futebol de salão. (Enquanto há fibrilações futebolísticas há esperança). A outra turma, coincidentemente, diria eu, e obviamente, diriam os pragmáticos, também estava severamente desfalcada. Nessas horas é que viver em uma cidade pequena lhe vale cada hora de sua vida. Avistei um conhecido. Fui até ele de braços abertos, sorriso largo. Expus a situação desoladora minha e de meus dois companheiros abandonados à porta do paraíso da bola. Não deu outra. A turma dos jogadores de salão nos acolheu calorosamente para bailarmos o bom e velho futebol rachão em uníssono. E bailamos. Eu, Japa e o goleiro Bituca éramos os piores da noite. E quem se importa? Fizemos até gols. Corremos até o último minuto. Vimos o nosso rachão se erguer feito um Lázaro que volta à vida e sopra as velas de sete dias do próprio velório. Festejamos a vida numa quadra perdida em meio a milhares de quadras que acenderam suas luzes para receber os famintos por futebol de véspera de feriado. Sequer os amigos jogadores de salão quiseram nos cobrar a irrisória taxa que é compartilhada por todos que jogam. A quadra já estava paga pelo o mês inteiro. E o desempenho, quem se importa? Ser feliz é o que importa.


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