
Que o futebol é uma paixão isso é incontestável. A imprensa indigna-se com a violência cometida pelo torcedor; na grande maioria das vezes este torcedor violento é membro de uma torcida organizada. A opinião pública, incitada pela imprensa, também se indigna. E todo mundo sabe que estes crimes não são punidos com o rigor que deveriam ser. São crimes passionais?
O clube de futebol é o epicentro desta trama. Próximo dele está aquele torcedor que se sente meio proprietário do clube, o cara da quadrilha, digo, torcida organizada, e longe está à grandiosidade do clube: o torcedor comum, o cara do comentário no trabalho, do jogo sentado no sofá, do grito e das lágrimas solitárias, o Fulano de Tal-ense, ino, ano, ista...
Não obstante, no pacote de ilusões, afigura-se o mito, atléta; e o mesmo atleta que tira aplausos, causa euforia, coloca de pé determinada torcida neste ano, na temporada seguinte tirará lágrimas, calará o grito, destruirá os sonhos da mesma torcida que o ovaciona hoje.
É tudo um imenso abismo de ilusão. Aí de nós torcedores!
O cidadão responsável por o futebol ser algo mítico, portanto, baseado em ilusão, e firmado na propaganda mais poderosa, a de boca em ouvido/boca em ouvido..., e não de boca em boca como dizem (riso implicante), é este o grande divulgador da causa. Sem nós, torcedores comuns, os clubes se resumiriam aos seus freqüentadores associados, aos torcedores das organizadas e funcionários. Talvez até lotassem estádios. Talvez, mas não seriam nada sem os milhares de torcedores comuns empenhados na intensa campanha pela propagação da marca de determinada agremiação.

Tudo faz parte do que chamarei Futebol Mundo. E hoje o Futebol Mundo está apreensivo por estas bandas do Florão da América. Temos uma tarde para decidir oito meses de campeonato.
Ao Flamengo, basta vencer o Grêmio dentro do Maracanã aos embalos de sua colossal torcida para sagrar-se campeão. E quer saber minha opinião? O Grêmio complicará o Flamengo. Por uma razão simples, o Grêmio é brioso e acima de suas rivalidades carrega a bandeira do estado. Esse é o espírito do tricolor do Olímpico.
Já o Internacional precisa vencer o time do ABC, o Santo André, possui bons jogadores e provavelmente, além de sua própria necessidade de vencer para não ser rebaixado, pode estar ainda mais embalado pela promessa de um Natal melhor em um final de temporada ruim. A tal da mala branca, que é feito cabeça de bacalhau; todos sabem que existe e ninguém vê.
Ao Palmeiras, resta torcer para que eu esteja certo em minhas previsões e ainda vencer uma dramática batalha contra seu companheiro de viajem às profundezas da segunda divisão, Botafogo, que luta para não ser novamente tragado pelo olho do furacão descenso.
Já o São Paulo, o grande São Paulo, é o mais sonhador de todos, e curiosamente o time, que na figura de seus atletas, mais pregou o crer até morrer.
Os caras devem ter lido meu texto onde citei a frase de Benjamim Disraeli (“O in

esperado sempre acontece”) e refletido nele durante a semana inteira.
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Final de Primeiro Tempo: É um sofrimento. É como um corte lento e profundo no coração palmeirense.
O Grêmio, mesmo desfalcado, vai complicando o Flamengo conforme eu havia previsto. Porém o Internacional vai vencendo por 2x0 o Santo André, que a julgar pelo placar de primeiro tempo, vai aceitando passivo o descenso.
Já o São Paulo vai vencendo o Sport por 1x0, em um jogo que já teve uma expulsão para cada lado.
E o mio Palestra está disputando uma duríssima partida onde começou melhor, porém o Botafogo equilibrou e terminou dominando e por muito pouco não conquistou o primeiro gol; ele está sendo mais perigoso.
É, terminou: Corte exposto. Coração palestrino sangra muito, sangra tudo.
Nem o título, que esteve praticamente ganho, e foi para o Flamengo que venceu o valente Grêmio por 2x1 de virada.
O Internacional chegou a sonhar, destruiu o Santo André, venceu por 4x1, porém o título não conquistou, mas vai à Libertadores, tem motivo para comemoração.
O São Paulo cumpriu seu dever, venceu por goleada o Sport no Morumbi, 4x0, também vai à Libertadores.
E por fim, o Cruzeiro; venceu o Santos na vila, 2x1, e é o quarto time a classificar-se.
Ao mio Palestra, apenas a dor.